É sabido que, por ser rico em cafeína, o café é um excelente estimulante natural que age no sistema nervoso central, elevando o fluxo sanguíneo e a atividade cerebral, aumentando a atividade metabólica. Por isso, reduz o cansaço e a fadiga, aumenta a disposição e melhora a concentração, além de dar uma turbinada na memória.
Quimicamente, a cafeína age no organismo como antagonista do receptor de adenosina, uma substância que promove a sonolência. Por isso, uma xícara de café nos deixa mais alertas. De acordo com o American Academy of Sleep Medicine, a cafeína leva entre 30 e 60 minutos para fazer efeito, mas o estado de alerta pode ser sentido em apenas dez minutos, e sua ação no organismo durar até cinco horas. Porém, a eliminação completa da substância pode levar até 12 horas.
Por atuar diretamente inibindo a ação de neurotransmissores que agem como depressores do sistema nervoso, a cafeína é indicada para quem precisa de concentração para realizar as atividades profissionais. Para sentir os benefícios da cafeína, o indicado é que seu consumo diário seja o equivalente a 50 ml a 200 ml de café.
São inúmeros os estudos que ligam o consumo de cafeína ao melhor rendimento no cumprimento de tarefas no trabalho, como o Productivity Through Coffee Breaks: Changing Social Networks by Changing Break Structure, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que concluiu que trabalhadores que fazem pausas para beber café ao longo do expediente apresentam maior desempenho que os que não ingeriam café.
A novidade entre as pesquisas sobre os efeitos da cafeína é um trabalho realizado pela Universidade de Washington, Universidade do Arizona e Universidade da Carolina do Norte e publicado no Journal of Applied Psychology, que mostrou que pessoas privadas de sono tendem a ter comportamento agressivo ou antiético no ambiente de trabalho.
Segundo David Welsh, professor de comportamento organizacional na Universidade de Washington, “quando você trabalha com fadiga causada por falta sono, é muito mais fácil simplesmente aceitar ofertas antiéticas porque a resistência exige esforço e você já está desgastado. No entanto, descobrimos que a cafeína pode dar aos indivíduos privados de sono a energia extra necessária para resistir a comportamentos antiéticos”.
Ainda de acordo com essa pesquisa, a fadiga torna os trabalhadores mais suscetíveis a influências sociais e mais sensíveis à pressão externa. Para Michael Christian, professor de comportamento organizacional da UNC Kenan-Flagler, o ideal é que as pessoas mantenham hábitos que permitam horas suficientes de sono durante a noite, porém, quando isso não for possível, “a cafeína pode ajudar a resistir, fortalecendo seu autocontrole e força de vontade quando se está exausto”.